Fala e autismo: entenda quais são os sinais relacionados mais comuns

Acostumada com questionamentos do tipo, a médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta frisa que observar a fala é um dos caminhos que ajudam a identificar o TEA precocemente.

Postado em 02/04/2024
Fala e autismo: entenda quais são os sinais relacionados mais comuns
Reprodução A Redação
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Por GabrielleEditora chefe e Jornalista

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado nesta terça-feira (2/4) e criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, coloca em pauta uma dúvida muito frequente em consultórios de pediatras: a relação entre o transtorno de fala e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta maior crescimento nos últimos anos.

Acostumada com questionamentos do tipo, a médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta frisa que observar a fala é um dos caminhos que ajudam a identificar o TEA precocemente. Ela lembra que, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças, entidade dos Estados Unidos, a prevalência pode ser de uma a cada 59 pessoas, sendo mais comum no gênero masculino. A especialista aponta que uma das causas para isso é o aumento do diagnóstico, mas suspeita-se que alguns fatores de risco, como a prematuridade extrema, idade parental avançada e exposição a agentes ambientais possam estar envolvidos.

“Uma das características mais marcantes e precoces do TEA é o transtorno de linguagem. Inclusive, entra como um dos critérios para o diagnóstico, uma vez que esse tipo de alteração pode comprometer significativamente a comunicação e as interações sociais”, pontua a médica.

Ela esclarece que, dentre as alterações de fala mais comuns nas crianças com TEA, pode se destacar, já no primeiro ano de vida, algumas características de comportamento. "O bebê chora pouco, se aninha pouco no colo, tem um contato visual pobre e não responde ao nome, o que normalmente ocorre a partir dos 7 meses de vida. Entre 1 e 2 de idade, pode ocorrer ainda um desenvolvimento de fala que, posteriormente, não irá se firmar ou desaparecer".

“Alguns pais relatam que, após uma certa idade, a criança ‘parou de falar’ algumas das palavras aprendidas previamente. O mais comum, entretanto, é que a fala não se desenvolva de maneira adequada. É também muito comum que a criança pegue o adulto pela mão para demonstrar o que quer”, orienta.

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Juliana Caixeta explica que a atuação do otorrinolaringologista é fundamental para, principalmente, descartar alterações auditivas que podem impactar o desenvolvimento da fala. 

Entre os 2 e 3 anos de idade, a alteração do funcionamento da linguagem se torna ainda mais expressivo, mesmo no TEA de alto funcionamento. Algumas características chamam a atenção – como a ecolalia, a repetição sem o objetivo de comunicação, ou seja, a repetição pela repetição; a dificuldade de estruturar e compreender histórias; e a tendência da fala proceder em um tom mais monótono. Algumas crianças podem apresentar hiperlexia, aquisição precoce da leitura, sem o desenvolvimento de outras habilidades cognitivas.

Diagnóstico tardio

Juliana ainda esclarece que na idade adulta, merece destaque para a detecção do TEA a compreensão literal de linguagem, com dificuldade de compreensão de humor, ironia e sarcasmo. “Além da linguagem, existem diversas outras questões associadas ao diagnóstico de autismo, ou seja, é um diagnóstico que requer atenção para que seja feito da maneira correta. É importante lembrar que existem outras situações que podem causar alterações de linguagem que se assemelham às encontradas no TEA mas que não são necessariamente  um indício do transtorno."

“O que deve ficar como recado é que toda criança com alteração de linguagem merece investigação; que a alteração de linguagem faz parte do diagnóstico do TEA, mesmo nos paciente com alto grau de funcionamento. E, principalmente, que precisamos falar mais sobre TEA, conhecer melhor o assunto e incluir, cada dia, mais”, enfatiza Caixeta.

 

informações A Redação