Novas tecnologias são empregadas em detecção e tratamentos de cânceres

Novas tecnologias estão trazendo avanços significativos na detecção e no tratamento de cânceres, especialmente de próstata e cólon. Com métodos mais precisos e menos invasivos, pacientes ganham novas esperanças de diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes.

Postado em 31/01/2025
Novas tecnologias são empregadas em detecção e tratamentos de cânceres
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Por Síbylle MachadoComercial

O avanço tecnológico tem revolucionado a detecção e o tratamento de cânceres de próstata e colorretal, proporcionando novas perspectivas para pacientes e médicos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o câncer que atinge a próstata é o segundo mais frequente entre os homens brasileiros, com estimativa de 71.730 novos casos da doença este ano.

Já no caso do câncer que atinge o cólon e o reto, as estimativas apontam 45.630 novos diagnósticos no país em 2025. Por conta dos números alarmantes, as novas tecnologias se apresentam como ainda mais importantes para a detecção precoce das doenças, que aumenta as chances de cura, e como alternativas para maior qualidade de vida aos pacientes em tratamento. 

Entre as inovações estão tecnologias com pulsos elétricos, nanotecnologia, biossensores e Inteligência Artificial (IA). Enquanto algumas são usadas como terapias para câncer de cólon e reto ou próstata, outras auxiliam no diagnóstico da doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura de ambas as doenças, principalmente porque, em alguns casos, os sintomas podem passar despercebidos na fase inicial, fazendo com que o diagnóstico seja feito apenas quando o tumor já está em estágios avançados. 

Pulsos elétricos contra o câncer 

Um novo método cirúrgico minimamente invasivo pode curar alguns casos de câncer de próstata em uma única sessão. A tecnologia foi criada nos Estados Unidos e emite pulsos elétricos nas células cancerígenas, causando pequenas perfurações nas membranas protetoras.

De acordo com informações divulgadas pela empresa que desenvolveu o dispositivo, chamado NanoKnife, a corrente elétrica entra nas células e as destrói, tornando a cura da doença possível de forma rápida. O processo é conhecido tecnicamente como eletroporação irreversível (IRE, na sigla em inglês). 

A técnica recebeu aprovação de órgãos como a Food and Drug Administration (FDA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entretanto, no Brasil, ainda não foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e nem à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Apenas alguns centros de referência no país realizam o procedimento. Em entrevista à imprensa, o urologista especializado em câncer de próstata, Oskar Kaufmann, aponta que a inovação é atérmica, ou seja, não utiliza calor e nem frio. 

Por ter essa característica, o risco de danificar os nervos responsáveis pela ereção e de prejudicar a função urinária do paciente são mínimos, fatores que costumam ser  preocupações para os homens que precisam de tratamento.

Nanotecnologia é opção para tratamento 

Outra inovação que pode ajudar no tratamento de tumores malignos é a nanotecnologia. A utilização dessa tecnologia para tratar o câncer de próstata vem sendo investigada por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Uma das formas de uso das nanopartículas é por meio de lipossomas criados pelos cientistas. De acordo com informações da UFC, os lipossomas são pequenas bolsas biodegradáveis de gordura invisíveis a olho nu, capazes de encapsular substâncias. 

Na inovação apresentada pelos pesquisadores, esses lipossomas contêm um medicamento anticâncer chamado cabazitaxel. Além disso, a superfície dos lipossomas é ligada a um anticorpo chamado cetuximabe, que direciona o medicamento para o local do tumor, onde ele será liberado. É como se o anticorpo fosse uma chave, e a célula cancerígena a fechadura. 

Desta maneira, o anticorpo transporta o lipossoma contendo o fármaco diretamente às células doentes. No local, o lipossoma libera o medicamento, reduzindo a exposição dos tecidos saudáveis ao químico.

Biossensores para a detecção do câncer colorretal

Pesquisadores do Laboratório de Química de Nanoestruturas de Carbono do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) estão avançando na validação de biossensores baseados em grafeno e óxido de grafeno, visando à detecção precoce de câncer colorretal.

Liderado pela química Clascidia Furtado e pela microbiologista Estefânia Mara do Nascimento Martins, o projeto busca desenvolver uma ferramenta diagnóstica sensível e minimamente invasiva.

Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, os biossensores criados têm a capacidade de detectar o antígeno carcinoembriônico (CEA) em amostras de sangue e urina, o que pode revolucionar o diagnóstico e o acompanhamento do câncer colorretal. Conforme explica Clascidia, os biossensores já estão sendo testados em laboratório, com resultados promissores.

“Os níveis de CEA serão dosados em amostras de pacientes com câncer colorretal e comparados aos de pacientes saudáveis. Esse novo método diagnóstico, menos invasivo e de relativo baixo custo, obtido a partir de insumos totalmente nacionais, poderá ser usado em exames de rotina e rastreio, auxiliando, junto à colonoscopia, na detecção precoce da doença”, afirma a pesquisadora ao portal do Ministério da Saúde.

Inteligência Artificial pode ajudar no diagnóstico 

A Inteligência Artificial (IA) também tem desempenhado um papel importante no diagnóstico de câncer. A tecnologia é capaz de analisar amostras de tecido com alta precisão, identificando padrões que indicam maior agressividade do tumor na próstata e acelerando a avaliação das imagens, conforme apontam especialistas.

Em entrevista à imprensa, o urologista e uro-oncologista Bruno Benigno aponta que a IA ajuda na identificação de pacientes com tipos mais agressivos da doença, permitindo aos médicos determinar quais podem seguir um tratamento mais conservador e quais necessitam de um tratamento mais intensivo.

Além disso, a IA digitaliza múltiplos fragmentos de uma biópsia, destacando para os médicos as áreas mais relevantes a serem analisadas. Isso não apenas reduz o tempo de diagnóstico, mas também auxilia no planejamento de tratamentos personalizados, prevendo respostas terapêuticas por meio de análises cruzadas baseadas em dados clínicos.

Fonte: Ana Beatriz - ExpertaMidia

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