Estudo revela por que somos tão obcecados por crimes reais

Os fãs do gênero true crime agora contam com mais um documentário sobre casos chocantes. Entre os lançamentos de julho da Netflix, está O assassinato de Yara Gambirasio. A menina italiana de 13 anos desapareceu misteriosamente e, meses depois, foi encontrada morta com sinais de violência. Mas, se trata de algo tão perverso, o que explica por que somos tão obcecados por crimes reais?

O fato é que, nos últimos anos, a popularidade das séries e documentários do gênero disparou. Motivo de sobra para que as plataformas de streaming invistam em suas próprias produções. Embora não seja exatamente um fenômeno novo, a tecnologia tem lá sua contribuição por tornar esses conteúdos mais acessíveis e difundidos do que nunca.

Ou seja, o que antes era restrito a livros e reportagens agora está disponível em formato de vídeo, áudio e texto, permitindo uma experiência de imersão completa para os aficionados por true crime. Uma pesquisa recente da ExpressVPN, por exemplo, revelou como a mídia evoluiu na cobertura de casos de crimes reais e como o consumo desses produtos varia entre diferentes culturas.

O interesse pelo crime real vai além da simples curiosidade. Muitas pessoas são atraídas por esses conteúdos devido à sua complexidade psicológica, os mistérios que cercam os casos e a oportunidade de tentar resolver enigmas baseados em fatos reais. Este gênero permite que os espectadores e ouvintes explorem os aspectos mais sombrios da condição humana, muitas vezes proporcionando uma sensação de justiça ao ver criminosos sendo pegos e punidos. Além disso, essas histórias frequentemente abordam questões sociais e culturais profundas, como desigualdade, corrupção e falhas no sistema judicial.

Consumo de crimes reais em diferentes culturas

De acordo com o estudo da ExpressVPN, há variações significativas na forma como as pessoas de diferentes países consomem conteúdo sobre crimes reais. Isso, aliás, reflete as nuances culturais e sociais de cada região. Veja:

●        Nos Estados Unidos, a abordagem é muitas vezes dramática e sensacionalista, com ênfase em detalhes gráficos e reviravoltas emocionantes. O público estadunidense consome esse tipo de conteúdo através de uma variedade de plataformas, incluindo séries de TV, podcasts, livros e redes sociais.

●        Em contraste, no Japão, a narrativa de crimes reais é mais moderada e respeitosa, focando principalmente nas vítimas e suas famílias. A mídia japonesa também tende a ser mais controlada, evitando o sensacionalismo e preservando a dignidade das pessoas envolvidas. Documentários e artigos online são os formatos mais comuns, e o consumo é mais reflexivo e reservado.

●        Na Escandinávia, a abordagem é mais analítica e baseada em fatos, com uma cobertura midiática abrangente e equilibrada. O consumo de crimes reais na região é geralmente pensativo e crítico, com foco na reforma da justiça. Podcasts e artigos online são populares, e o público aprecia uma análise detalhada e fundamentada dos casos.

●        Na Coreia do Sul, as histórias de crimes reais são emocionais e melodramáticas, com narrativas detalhadas que capturam profundamente o interesse do público. Programas de TV serializados e documentários mantêm os espectadores envolvidos por longos períodos, criando discussões emocionais e comunitárias.

Motivos do fascínio por crimes reais

Imagem de KoolShooters / Pexels

O fascínio por crimes reais pode ser explicado por vários fatores psicológicos e sociais, conforme aponta a pesquisa da ExpressVPN. Em primeiro lugar, existe uma curiosidade natural sobre o comportamento desviante e a mente criminosa. As pessoas querem entender o que leva alguém a cometer um crime horrendo e como as investigações policiais e processos judiciais funcionam.

Esse interesse é frequentemente alimentado por uma combinação de medo e fascinação, já que os crimes reais nos lembram da vulnerabilidade e da imprevisibilidade da vida. Além disso, as histórias de crimes reais muitas vezes envolvem elementos de mistério e suspense, que são intrinsecamente atraentes. A resolução de enigmas e a descoberta de novas evidências mantêm os espectadores e ouvintes engajados, proporcionando uma sensação de satisfação intelectual.

O gênero também oferece uma forma de catarse emocional, permitindo que o público explore seus próprios medos e inseguranças em um ambiente controlado e seguro. Outro fator importante é a empatia pelas vítimas e suas famílias. Muitos consumidores de conteúdo sobre crimes reais sentem uma profunda compaixão pelos afetados e desejam ver justiça sendo feita.

Esse aspecto moral e ético do true crime é uma das razões pelas quais tantas pessoas se sentem compelidas a acompanhar esses casos até a sua conclusão.

No entanto, há que se falar também no impacto psicológico do consumo de crimes reais. Embora o gênero seja intrigante e educativo, também pode ter consequências emocionais negativas. Só para ilustrar a exposição constante a histórias de violência e tragédia pode aumentar os níveis de ansiedade e medo. Isso é mais notável em pessoas mais sensíveis ou com histórico de traumas.

Por isso, é preciso manter um consumo consciente e mesmo modem-lo para evitar sobrecarga emocional.

Como consumir conteúdo de crimes reais de forma responsável

Sendo assim, é importante adotar uma abordagem consciente e equilibrada. Isso inclui, por exemplo:

●        diversificar o tipo de conteúdo consumido

●        intercalar histórias de crimes reais com outros gêneros mais leves

●        buscar fontes confiáveis e respeitáveis que tratem os casos com a devida sensibilidade

●        estar ciente do impacto emocional que esses conteúdos podem ter

●        dar-se permissão para fazer pausas quando necessário.

E, por falar em crimes, não dá para deixar de lado a segurança dos dados pessoais ao acessar esse tipo de conteúdo. Uma vez que a tecnologia permite o consumo de diferentes lugares e plataformas, é fundamental contar com ferramentas, como VPN, que viabilizem a visualização segura e privada. Ao proteger a privacidade online, os consumidores podem explorar seus interesses por crimes reais sem preocupações adicionais com segurança cibernética. E, principalmente, não virar personagem do próximo documentário.