Pesquisa da UFG mostra que mensagens de celular que estimulem bons sentimentos podem ajudar a controlar a pressão arterial

Pesquisa voluntária foi feita com 100 pacientes da unidade de tratamento de hipertensão. Grupo que recebeu as mensagens teve melhora na saúde vascular.

Postado em 12/04/2024
Pesquisa da UFG mostra que mensagens de celular que estimulem bons sentimentos podem ajudar a controlar a pressão arterial
Reprodução G1 Goiás
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Por GabrielleEditora chefe e Jornalista

Pesquisa voluntária foi feita com 100 pacientes da unidade de tratamento de hipertensão. Grupo que recebeu as mensagens teve melhora na saúde vascular.Misturando medicina e espiritualidade, uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás mostrou que mensagens recebidas no celular que estimulem bons sentimentos podem ajudar a controlar a pressão arterial. A pesquisa voluntária foi feita com 100 pacientes da unidade de tratamento de hipertensão da universidade.

“Estimulamos por meio de mensagens por WhatsApp os temas da gratidão, perdão, otimismo e propósito de vida. Fizemos avaliações de diversos parâmetros de saúde vascular”, explicou a cardiologista Maria Emília Figueiredo Teixeira, principal pesquisadora do estudo.

A pesquisa durou 84 dias e dividiu os voluntários em dois grupos: o que recebeu os estímulos e o que não recebeu. No final, os dois grupos tiveram os resultados comparados e o grupo que recebeu as mensagens obteve queda na pressão arterial semelhante a que um medicamento que regula a pressão pode trazer, além de melhora na saúde vascular. Já a pressão do grupo que não recebeu as mensagens continuou a mesma.

"Fizemos a média da pressão do grupo controle e do grupo intervenção. No grupo intervenção houve uma queda de pressão de 13 para 12 por 8. Parece pouco, mas é o que muitos medicamentos conseguem fazer isoladamente e é mais do que a prática de exercícios ou a redução do sal da dieta consegue fazer", detalhou a cardiologista.

Maria Emília Figueiredo explicou que, durante o estudo, todos os voluntários continuaram com os hábitos que tinham e a medicação que tomavam antes da pesquisa, de modo que esses não foram fatores que alteraram ou interferiram nos resultados obtidos.

Mensagens que estimulam bons sentimentos

Ao dividir os voluntários em dois grupos, os que receberam os estímulos recebiam mensagens diárias que estimulavam os sentimentos de perdão, gratidão, otimismo e propósito de vida. Para isso, eram enviados os seguintes tipos de mensagens:

Ao g1, a pesquisadora Maria Emília Figueiredo detalhou as atividades:

“''Escreva uma mensagem para álguem que você precise perdoar', sem precisar enviar. 'Escreva pra alguém que precisa perdoar você'. Seguimos com videos, reflexão, dia de folga. No outro dia, 'envie a mensagem que você escreveu na semana passada. Se não conseguir enviar, diga o porquê'. Da mesma forma com a gratidão. Escreva três propósitos de vida para curto e longo prazo”, exemplificou a pesquisadora.

Uma das participantes foi a voluntária e vendedora, Ana Paula de Santana. À TV Anhanguera, ela contou que a pressão dela sobe de acordo com o emocional. Com as mensagens e atividades recebidas na pesquisa, ela disse ter obtido redução na pressão arterial.

"Já chegou a 17, mas a última vez que eu aferi estava 13 por alguma coisa. Melhorou bastante", comemorou Ana Paula.

A técnica de enfermagem Mariane Dias, que contou que fez as tarefas solicitadas na pesquisa e que se sentiu mais leve depois do estudo.

"A gente tinha que procurar essa pessoa, conversar com ela, perdoar e ser perdoado. Eu gostei. A gente fica mais leve", completou Mariane.

Pesquisa

A pesquisadora Maria Emília Figueiredo explicou que o estudo foi idealizado em 2020, durante a pandemia. Ao todo, 18 pesquisadores participaram deste trabalho: ela, oito orientadores dela e nove alunos. Entre os orientadores, estavam os pesquisadores Weimar Kunz Sebba Barroso, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e Álvaro Avezum, diretor científico do departamento de espiritualidade em medicina cardiovascular, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

À TV Anhanguera, Weimar explicou que a hipertensão é uma das principais causas de morte no mundo. "Hoje tem cerca de 1,2 bilhão de indivíduos hipertensos no mundo e é a principal causa de Acidente Vascular Cerebral (AVC), de infarto do miocárdio, doença renal crônica e insuficiência cardíaca", explicou Weimar.

Com isso, o estudo, para Álvaro, pode ser considerado um avanço no tratamento da hipertensão.

"Do mesmo jeito que temos alimentação saudável, atividade física frequente e não fumar, passaremos a avaliar nosso enfrentamento no dia a dia. O esforço em uma jornada ao longo da vida para substituirmos sentimentos negativos ou não edificantes por positivos, baseado em evidências científicas e não pensando em filosofia e religião", disse o médico à TV Anhanguera.

Os resultados do estudo foram apresentados neste domingo (6) em um dos maiores congressos de cardiologia do mundo: o congresso americano de cardiologia, nos Estados Unidos.


informações G1 Goiás

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